E aí galera, firmeza com vocês? Hoje quero contar um pouco pra sobre a história de um dos vídeo games mais queridos pelos brasileiros: O Master System! Esse console, embora não tenha conquistado o sucesso que merecia, tem hoje uma legião de fãs pelo mundo todo e uma biblioteca de jogos incríveis. Então vamos lá, sem enrolar, começando em 3. 2. 1...
O começo da Sega no Mercado de Consoles
Antes de falarmos sobre o Mater System, acho interessante começar a contar sobre um pouquinho da estréia da Sega na produção de consoles. No início da década de oitenta, a Sega era uma empresa muito conhecida no Japão pelos seus jogos de arcade e nesse mesmo período, o mercado de vídeo game enfrentava uma crise desencadeada pela Atari. A Sega não se intimidou com a situação desfavorável para a venda de consoles e buscou reverter a situação no Japão, lançando o SG-1000 em 1983, o SG-1000II em 1984 e o Sega Mark III em 1985. Com a venda desses consoles, a Sega conquistou uma fatia do mercado de games no Japão e seus consoles chegaram a ser lançados até mesmo na Europa, na Austrália e Nova Zelândia. Entretanto no Japão, a Sega sempre ficava à sombra de sua rival: a Nintendo com seu Family Computer ou Famicom, console de 8 bits lançado em 1983, dominava o mercado de consoles do país. O Famicom tinha um Hardware mais poderoso que o SG-1000, o que possibilitava jogos mais bonitos e bem trabalhados, o que fez a Sega correr para recuperar o prejuízo, lançando no ano seguinte o SG-1000II. Porém a mesma coisa se repetiu com o SG-1000II, baixas nas vendas e a Nintendo na liderança do mercado de games. Mas isso não era por quê os consoles da Sega eram ruins, muito pelo contrário. O Hardware dos consoles da Sega eram muito competentes e se sobressaíam sobre outros concorrentes, porém as baixas nas vendas dos seus consoles, eram justificadas devido ao contrato de exclusividade da Nintendo. Esse contrato obrigava as empresas desenvolvedoras de games que tivessem interesse em trabalhar com a Nintendo, a lançar seus títulos somente para ela. Isso causou polêmica entre as desenvolvedoras, pois era uma tentativa clara de monopólio por parte da Nintendo. Entretanto ir contra a líder do mercado de games da época, era seguir por um caminho duvidoso e o que resultou foi quase cem por cento das produtoras de games, assinarem contrato com a Nintendo. Isso refletiu na Sega, que para sobreviver com seus consoles, tinha que desenvolver seus próprios jogos. A Sega era competente nessa produção e o SG-1000 e SG-1000II, contavam com bons jogos, mas a sua biblioteca era limitadíssima, pois a Nintendo tinha nas mãos, as empresas third-party mais famosas e seu Famicom estava rindo à toa, cheio de jogos. Era claro para a Sega que ela não sobreviveria no mercado de consoles trabalhando sozinha. Mas mesmo assim, em sua terceira tentativa no ano de 1985, a Sega lançou no Japão o Sega Mark III, este sim é o Master System que viríamos a conhecer em breve, com um visual diferente. O Mark III era um console bem mais poderoso que seus irmãos mais velhos, até mesmo que o Famicom, mas a Nintendo já havia se firmado no mercado japonês e a Sega mais uma vez não emplacou nas vendas.
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O Sega Mark III: a terceira tentativa da Sega no mercado de consoles. |
O Sega Mark III foi o console oficial de 8 bits da Sega até 1987, ano em que o Master System foi lançado no Japão. Porém o Master System era basicamente o mesmo Sega Mark III, com poucas diferenças. A principal mudança foi no design do console. O Sega Mark III era branco com detalhes em cinza e tinha ângulos mais retos. Já o Master System era totalmente preto com detalhe em vermelho próximo a entrada do cartucho e seus ângulos eram mais agudos na parte de cima do console. Esse tapa no visual deixou o vídeo game com uma aparência mais agressiva e futurista. Outra diferença era que o Master System japonês já vinha com um chip de som FM embutido no console, que conferia maior qualidade de som aos jogos. A Sega também lançou para o Master System, os Óculos 3D, compatíveis com alguns jogos. Isso tudo deu um novo sopro de vida para a Sega no Japão, mas mesmo assim não foi suficiente para aumentar o número de vendas em sua terra. Com o mercado de games já dominado no Japão pela Nintendo, a Sega decide então levar o Master System para outros países.
Os EUA e Europa
Além do Japão, os mercados que se mostravam mais lucrativos para vídeo games, nos anos oitenta eram os EUA e Europa, e a Sega não perdeu tempo, lançando o Master System por lá também. Só que a história do console foi diferente nesses dois países. Nos EUA, o Master System foi lançado em 1987 e a Nintendo já atacava com seu Nintendo Entertainment System, ou NES, como ficou conhecido, e aqui no Brasil, foi chamado carinhosamente de Nintendinho. Além do mais, a estréia de Super Mario Bros em 1985, reformulou o conceito dos games de plataforma da época e todo mundo só queria jogar o game do encanador bigodudo. Pra não ficar de fora da festa, a Sega tenta emplacar lançando seu próprio mascote, o Alex Kidd, no game Alex Kidd In Miracle World, de 1986. O game vendeu bem, não tanto quanto Super Mario Bros, mas Alex Kidd caiu no gosto dos jogadores, ganhando outros games para Master System e foi considerado o mascote oficial da Sega até a chegada de Sonic em 1991. Outra coisa desagradável para a Sega nos EUA, foi a escolha da distribuidora. A Tonka, uma empresa de brinquedos foi responsável por um péssimo marketing e distribuição do console na terra do Tio Sam. Já na Europa, a coisa foi bem diferente. Dessa vez foi a Nintendo que teve um início difícil por aqui. As distribuições do NES não foram boas e o preço do console era muito caro. A Sega chegou com o Master System e não demorou pra este se tornar mais popular que o NES. Com a popularidade cada vez maior do Master System, a Sega passou a contar com o apoio de Softhouses europeias na produção de títulos para o console. O Master, também contou com um apoio muito maior da Sega europeia até 1996, ao passo que a Sega Americana, desistiu do Master System quatro anos antes. Tudo ocorreu muito bem na Europa e o Master System conquistou o tão merecido lugar no coração dos jogadores. Com as receitas acumuladas com suas vendas no mundo todo e levando em conta o ocorrido no mercado europeu, a Sega percebeu que pra sair na frente, teria que lançar seu produto antes dos seus concorrentes. É nesse período que a Sega japonesa, começa a desenvolver os projetos do seu console de 16 bits, o famoso Mega Drive, que seria lançado em 1988.Mas a história do querido Master System, ainda estava longe de acabar, pois em 1989, ele chegaria no país onde encontraria seu verdadeiro lar: o Brasil.
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Para rivalizar com Super Mario Bros, a Sega cria em 1986, seu primeiro mascote. |
O Master System no Brasil e o trabalho da Tec Toy
A Tec Toy era uma empresa brasileira de brinquedos eletrônicos que estava começando a ter reconhecimento no mercado nacional. Para lançar o Master System, seus empresários tiveram que convencer a Sega que não iriam cometer os erros da Tonka nos EUA e provar que uma empresa de brinquedos poderia ter sucesso na distribuição do vídeo game. Um fator positivo que contou muito a favor da Tec Toy, era que esta tinha sido muito bem sucedida na venda de outro produto da Sega aqui no Brasil, a Pistola Zillion, superando até mesmo as vendas no Japão. A Sega teve tempo para ponderar e no fim, bateu o martelo e deu o voto de confiança para a Tec Toy. Em 1989 o Master System foi lançado no Brasil, com um grande catálogo de ótimos jogos. A Tec Toy investiu pesado em campanhas de marketing e comerciais do Master System em revistas e televisão. Novos títulos não paravam de chegar no mercado nacional e em pouco tempo o Master System já era um vídeo game muito conhecido pelos brasileiros. O maior desafio da Tec Toy, não era a ameaça da Nintendo, pois o NES só viria a a aparecer por aqui bem depois nas mãos da Playtronic. Na verdade, o maior desafio da Tec Toy, era o número enorme de clones do Famicom, ou "Famiclones" como foram apelidados. Esses vídeo games, eram compatíveis com o NES, usavam peças bem mais baratas, e não pagavam royalties. Exemplos desses vídeo games eram o Phantom System da Gradiente e o Dynavision da Dynacom. Entretanto, o Master System foi ganhando cada vez mais espaço, as vendas iam cada vez melhor, mesmo com a chegada do Mega Drive, em 1990. Além disso, a Tec Toy não parava de trazer novos jogos para o Brasil e o Master System já tinha um bom catálogo de games com muita diversidade. Uma divisão da Tec Toy começou a modificar jogos, com a benção da Sega, para localizá-los para o mercado brasileiro. Surgiram títulos como Mônica no Castelo do Dragão, Chapolin X Dracula: Um Duelo Assustador e Férias Frustradas do Pica-Pau, exclusividades para os gamers da nossa terrinha. E a Tec Toy não parava por aí. Quando a era do 16 bits começava a ganhar força no início da década de 90, a Tec Toy, começou a reduzir os custos de produção do Master System e lançou versões mais compactas para continuar vendendo o console e alguns já vinham com jogos na memória, como o Master System II, que vinha com Alex Kidd In Miracle World e o Master System III Compact, com o Sonic The Hedgehog. Mesmo assim, o tempo de ouro do Master estava começando a dar sinais de que estava chegando ao seu fim. O fim oficial do Master no Japão foi em 1989, mesmo ano da chegada do console no Brasil. Já nos EUA, o console veio a se aposentar em 1992, quando o Mega Drive caiu no gosto dos americanos. Já na Europa o Master System resistiu até 1995, mas aqui no Brasil esse console sorriu a toa até 1997, graças à dedicação e empenho da Tec Toy. A divisão de programação da Tec Toy, não parava de trabalhar e recebemos vários outros localizados como As Aventuras da TV Colosso, Sítio do Picapau Amarelo, Castelo Rá-Tim-Bum, Phantasy Star totalmente em português e até mesmo Street Figther II. Enfim, com a chegada do Mega Drive e do Super Nintendo e toda a concorrência acirrada desses consoles de quarta geração, era natural que o Master System perdesse espaço para as novidades e suas vendas foram diminuindo cada vez mais. Em fim, a Sega mostrou-se bem sucedida tanto na Europa, quanto no Brasil com seu Master System. O trabalho que a Tec Toy fez com o Master, é reconhecido e respeitado até mesmo no exterior e mesmo nos dias de hoje, o Master System ainda é produzido aqui no Brasil. Fomos felizes de ter conhecido este console tão rico, tanto em jogos quanto em história e sem sombra de dúvida, a legião de fãs que o Master System conquistou no Brasil, será responsável por manter seu legado vivo pra sempre!
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Graças ao trabalho da Tec Toy, o Master System conquistou o mercado brasileiro. |
E os jogos?
Embora o acervo de jogos do Master System seja bem menor que o do NES, seu catálogo conta com ótimos clássicos, jogos muito queridos tanto pelos fãs da Sega, quanto pelos amantes dos vídeo games. Já citamos aqui o Alex Kidd, com seu game Alex Kidd In Miracle World, que foi a primeira tentativa de mascote da Sega. Embora tenha sido criado para rivalizar com Super Mario Bros, Alex Kidd não é uma cópia do encanador e seus games seguem uma linha diferente, mesmo sendo gêneros de plataforma. O primeiro jogo do Alex Kidd é considerado por muitos fãs, como o melhor game da série e o mais querido. Acho que até é impossível falar de Master System, sem citar Alex Kidd In Miracle World. Os games da Disney são outras pérolas do console. Foram vários games com Mickey e sua turma no console dentre eles Castle of Illusion Starring Mickey Mouse, The Lucky Dime Caper Starring Donald Duck, Land of Illusion Starring Mickey Mouse e Aladdin.
O Master também conta com vários RPGs aclamados, como Ultima IV: Quest of Avatar, Y's: The Vanished Omens, Miracle Warriors: Seal of The Dark Lord e o incrível Phantasy Star, cujo cartucho de 4 Mega, mostrou todo o potencial do Master System. Phantasy Star tinha gráficos e músicas incríveis para a época e foi um sucesso de vendas. A Tec Toy fez mais um belíssimo trabalho com o game, localizando todos os textos do jogo para o português. Um dos jogos mais incríveis do console.
Jogos de esportes não faltam. Alguns títulos famosos são Hang-On, Out Run, Super Futebol, Jogos de Verão e o saudoso Ayrton Senna's Monaco GP II.
Alguns games que utilizavam os famosos óculos 3D , Missile Defense 3-D, Zaxxon 3-D, Blade Eagle 3-D e Maze Hunter 3-D. Assim como o Nes, o Master System também tinha uma pistola que era utilizada para games de tiro como Safari Hunt, Rescue Mission, Wanted e Assalt City.
O segundo e mais famoso mascote da Sega, o porco espinho Sonic, também fez sucesso no Master System em dois ótimos games, Sonic The Hedgehog e Sonic The Hedgehog 2. Embora tenham os mesmos nomes que os jogos que saíram para Mega Drive, ambos são versões diferentes e não podem ser considerados como conversões.
E por falar em conversões, temos várias e de ótima qualidade: Golden Axe, Streets of Rage, Strider, After Burner e Altered Beast, apenas para citar alguns. Outros clássicos indispensáveis são Shinobi, Zillion, Wonder Boy In Monster Land, Fantasy Zone, Forgotten Worlds e Space Harrier. Vale também destacar os games localizados para o Brasil produzidos pela Tec Toy, que hoje são consideradas peças muito apreciadas pelos colecionadores, não pelo seu valor monetário, mas como lembrança de um momento incrível para os games brasileiros.
E você? Também conheceu o Master System? Quais games você teve o prazer de jogar? Deixa seu comentário aí pra gente. Fale o que você achou da matéria. Espero que tenha curtido e se puder, participe aí deixando uma mensagem ou uma sugestão para escrevermos aqui no POG. Valeu turma e até a próxima fase!!!